A conferência “Descarbonização: que caminho para Portugal?” realizou-se na passada sexta-feira, dia 15 de Novembro, no Auditório do Museu do Oriente. A conferência, organizada pelo jornal Público, contou com a presença de diversos representantes de entidades públicas e privadas e promoveu a discussão sobre os impactos atuais e futuros de uma estratégia de descarbonização fundamental para a sustentabilidade ambiental, para o crescimento da economia e para uma maior competitividade das empresas. Este evento, moderado pela jornalista Fernanda Freitas, demostrou que o processo de redução da pegada carbónica afeta todos os sectores da sociedade, da energia à mobilidade, da produção ao comércio e ao consumo, da governação à comunicação, tendo estes sectores sido representados nos painéis de discussão da conferência.
A conferência iniciou-se com uma sessão de abertura conduzida por Cristina Soares, Administradora do Público que reforçou o compromisso do jornal com a literacia sobre energia e sustentabilidade, destacando a importância do compromisso coletivo com a descarbonização e os desafios ambientais, sociais e económicos abrangentes a todas as esferas da sociedade. Para reduzir a pegada carbónica deste evento, o Público comprometeu-se a plantar 5 árvores por cada pessoa presente, tendo para isso criado um QR Code em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas .
João Martins de Carvalho, administrador da E-REDES, integrou o painel “Energia: um novo mix, um novo paradigma” onde destacou o caminho que Portugal tem feito no envolvimento de várias fontes de energia, desde a eólica à solar, sublinhando que em Portugal cerca de 75% fontes de energia elétrica já são renováveis. “Acho que há espaço para todas as fontes desde que sejam economicamente viáveis e é preciso que a rede e que a gestão de sistema se adeque para retirar o melhor uso desses recursos” referiu Martins de Carvalho.
O administrador da E-REDES sublinhou a importância crítica e relevante da rede para a sociedade, devido à eletrificação da economia, levando ao aumento da rede e da capacidade de absorção de energia. Destacou também desafios técnicos, como o envelhecimento da rede, bem como desafios da cadeia de abastecimento e da gestão da mão-de-obra. “Um dos eixos deste plano de investimento é garantir que planeamos a renovação dos nossos equipamentos de forma distribuída ao longo do tempo de maneira a ser compatível com as restrições da cadeia de abastecimento” antecipou.
Luís Tiago Ferreira, responsável pela área de Smart Cities e Iluminação Pública da E-REDES, participou no painel sobre “Mobilidade e Smart Cities: uma nova forma de viver” onde destacou o papel central das redes elétricas, estando estas em pleno processo de evolução para redes mais inteligentes resultando assim numa transição energética mais eficiente e menos complexa. Sublinhou a importância da otimização da distribuição do consumo de energia através do investimento em contadores inteligentes e através da utilização das infraestruturas dos edifícios onde, atualmente, estão a adicionar carregamentos de veículos elétricos.
“Com um carregamento inteligente e uma partilha inteligente entre as habitações e os carregadores podemos carregar todos os veículos de um edifício sem precisar de reforçar a infraestrutura (…), permitindo-nos fazer estes investimentos de uma forma mais espaçada e aproveitar a infraestrutura de uma forma muito melhor e muito mais eficiente do que aquilo que fazíamos no passado”, salientou Luís Tiago Ferreira.
A sessão de encerramento foi conduzida por Maria da Graça Carvalho, Ministra do Ambiente e Energia, que reforçou o compromisso do governo com a descarbonização sendo este tema “uma oportunidade para o país, uma oportunidade para sermos mais inteligentes e resilientes no plano energético, para tornarmos as nossas empresas mais competitivas no plano global, para reforçarmos a nossa capacidade para captar investimento público e privado, para recuperar ecossistemas e resiliência hídrica, para melhorar a capacidade de resposta a fenómenos climáticas extremos e para melhorar a qualidade de vida da população”, referiu Maria da Graça Carvalho.